Coimbra mostra que a Matemática tem Arte


As pontes que existem entre a Matemática e a Arte são “mais do que muitas” e vão estar em evidência na conferência científica internacional BRIDGES, cuja XIV edição se realiza de 27 a 31 de Julho no auditório da reitoria da Universidade de Coimbra (UC).



Este é “um cruzamento perfeitamente natural”, de acordo com Penousal Machado, membro da organização que declarou ao “Ciência Hoje” não ser“necessário um esforço adicional” para se entender esta ligação que "não tem sido valorizada".

O investigador da UC exemplificou o carácter estrutural e integrador desta ciência com o caso da música –“uma sequência com estrutura, ritmo e contraste que podem ser vistos de um ângulo matemático”- ou da calçada e dos azulejos portugueses, cuja simetria e repetição podem ter também uma visão matemática.

Para além das “palestras típicas” das conferências científicas, este membro da organização deu “especial destaque” às actividades abertas e “pensadas para o público em geral”, como a “Exposição de Arte Matemática” – onde vão estar patentes 170 trabalhos -; o Dia da Família , que se realiza no sábado com actividades para crianças e adultos em torno desta ciência; workshops que vão permitir “aprender novos métod
os para provocar o fascínio e o espanto pela matemática dentro da sala de aula”; e um concerto no Teatro Académico Gil Vicente, que vai apresentar obras musicais “com inspiração matemática”.

Troca de experiências e ideias

Relativamente às palestras, também vão fazer jus a esta “ponte”, pelo que o conjunto de oradores vai ser composto por matemáticos (com destaque para William Thurston, vencedor da medalha Fields, usualmente denominada por Nobel da Matemática; e Paulus Gerdes, etno-matemático que estuda as propriedades matemáticas da arte
tradicional africana), músicos, artistas plásticos, escritores, informáticos, bailarinos, arquitectos, entre outros.

O investigador da UC acredita que ao longo destes dias se vai viver “sob uma atmosfera de enorme abertura intelectual, numa intensa troca de experiências e ideias” que vão permitir“desmistificar os preconceitos que possam existir de que a matemática e arte dificilmente se cruzam”.

Vão estar presentes duas centenas de pessoas com todos os tipos de formação e de todas as partes do mundo. Dos conferencistas, 80 por cento são estrangeiros, de países como Austrália, Japão, Canadá, Estados Unidos ou Irão. “Há aqui, realmente, uma dimensão global”, destacou Penousal Machado, sublinhando que“muitas das apresentações vão ser acessíveis até para o público leigo em matemática”.

O investigador destacou ainda que, ao longo dos tempos, esta conferência tem mostrado a matemática de forma diferente. “As pessoas ficam a perceber que esta ciência não é chata, aborrecida ou abstracta, mas que tem aplicação no dia-a-dia e na arte”, concluiu.

Fonte: CiênciaHoje - Portugal