Medo da matemática transmitido por adultos e falta de interesse da família agravam péssimas taxas de aprendizagem da disciplina Leia mais sobre esse

RIO - "Você sabe muito mais matemática do que pensa que sabe." A frase de incentivo não é para nenhum aluno de colégio, mas para o pai e a mãe do estudante. Parte da introdução de "Matemática para pais e professores das séries iniciais", de Osmar Nina Garcia Neto e João Batista Araujo e Oliveira, a frase também deu o tom de um seminário ocorrido este mês no Rio, para discutir justamente o ensino de matemática pelos estudantes do nível fundamental. Muito do problema com a matemática, disciplina que tem alguns dos piores índices de aprendizagem - não alcança 20% o percentual de alunos no país que chegam ao fim do fundamental sabendo o adequado para a sua série em matemática, segundo dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) -, vem não só de um ensino escolar deficiente ou pouco estimulante, mas também do medo que os próprios pais têm do assunto e o transmitem aos filhos.

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O ensino de matemática

O Estado de S.Paulo

A matemática continua sendo a disciplina do currículo básico com os índices de aproveitamento mais baixos nas avaliações institucionais. No Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) de 2010, por exemplo, 44% dos alunos da 3.ª série do ensino médio tiveram desempenho insuficiente na matéria. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que avalia o desempenho em leitura, matemática e ciências de jovens de 15 anos, coloca o Brasil nas últimas posições, num ranking de 65 países. Quatro em cada 10 jovens brasileiros nessa faixa etária não sabem multiplicar.

Divulgado esta semana, o levantamento mais recente da situação do ensino de matemática no País foi elaborado pelo Insper (antigo Ibmec) com base nas notas do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica de 2005, 2007 e 2009, e do Exame Nacional do Ensino Médio de 2008. Entre outras conclusões, a pesquisa aponta um paradoxo: os Estados com as notas mais baixas em matemática nas avaliações do MEC são os que apresentam maior número de estudantes interessados em seguir a carreira docente no campo das ciências exatas. E o que os leva a fazer essa opção é a baixa concorrência nas licenciaturas dessa área, pois as notas exigidas para ingresso são inferiores às das áreas mais disputadas.

Para as pesquisadoras Maria Cristina Gramani e Cintia Scrich, responsáveis pelo levantamento do Insper, isso vem gerando um círculo vicioso que vai piorar a má qualidade do ensino de matemática no País. Isso porque esses estudantes vão se tornar docentes na área em que apresentaram as maiores dificuldades de aprendizagem. Como no ensino básico não tiveram um bom conhecimento dos rudimentos da matemática, eles não conseguiram aprender - e, portanto, não conseguirão ensinar - as questões mais complexas. "Piauí e Sergipe são grandes exemplos dessa relação preocupante: registram altos números de inscritos e ingressantes nos vestibulares para formação de professores em ciências exatas e, ao mesmo tempo, têm desempenhos baixos em matemática", diz Cristina Gramani. Na Universidade Federal de Sergipe, por exemplo, só 20% dos alunos do 1.º ano do curso de matemática passam para o 2.º ano aprovados em todas as disciplinas.

O problema é antigo e preocupante, pois a má qualidade do ensino de matemática é um dos fatores que vêm limitando a formação de engenheiros em número suficiente para atender às necessidades da economia nacional. Em 2008, os cursos de engenharia ofereceram 239 mil vagas, mas só foram preenchidas 140 mil. Ou seja, não faltam vagas nas universidades - faltam, sim, vestibulandos com conhecimento mínimo de matemática. O País forma cerca de 47 mil engenheiros por ano, ante 650 mil, na China, e 220 mil, na Índia.

A estimativa é de que o Brasil tenha hoje apenas 59 mil professores formados em matemática - um número muito aquém da necessidade da rede de ensino básico. Além disso, no ensino fundamental o docente das séries iniciais tem formação em pedagogia, carecendo de formação específica em matemática. E, segundo os pedagogos, isso não é suficiente para que saiba ensinar uma disciplina bastante técnica. As séries iniciais do ensino básico são fundamentais para que os alunos aprendam a ler números, a compreender as quatro operações aritméticas e a aplicá-las no cotidiano. As deficiências nas séries iniciais comprometem assim todo o aprendizado do aluno no ensino básico.

Durante décadas, imaginou-se que o baixo rendimento dos estudantes nesta disciplina decorria do método com que ela era ensinada. Valorizando a memorização de tabuada e a repetição de fórmulas, esse método não mostra aos estudantes como a matemática ajuda a raciocinar de forma lógica e objetiva. A pesquisa do Insper mostrou que o problema do baixo rendimento dos alunos em matemática não decorre só da falta de métodos de ensino mais modernos, mas também do baixo número de docentes capazes de dominar a disciplina.

Defasagem em matemática afeta até país rico, diz especialista

Luciano Máximo


Na visão de especialistas internacionais e educadores brasileiros reunidos em seminário no Rio de Janeiro, ontem, currículos pedagógicos fragmentados e despreparo de professores são os maiores problemas para o ensino da matemática no Brasil e no mundo. A defasagem no aprendizado da matéria verificada atualmente já é apontada como um obstáculo que respinga no desempenho da economia mundial.

O acadêmico americano William Schmidt, professor do Instituto de Pesquisa em Matemática e Educação Científica da Universidade de Michigan, chama atenção para o fato de que, a despeito do elevado índice de desemprego atual, "dezenas de milhares" de oportunidades de trabalho nos Estados Unidos não são preenchidas por falta de capacitação relacionada ao conhecimento matemático. "As demandas da economia hoje exigem alto conhecimento tecnológico. Nos EUA, por exemplo, não tem gente suficientemente qualificada para preencher vagas disponíveis no mercado de trabalho, tanto para oportunidades de nível superior como de nível médio", relatou Schmidt

O professor de psicologia cognitiva da Universidade de Virginia Daniel Willingham acrescenta que há uma grande corrente de economistas no mundo que relaciona o bom desempenho no ensino da matemática a um mercado de trabalho e a uma economia mais dinâmicos. "Países bem-sucedidos economicamente têm capacidade permanente de inovar, de avançar tecnologicamente. Se não é possível demonstrar concretamente que isso está relacionado com uma boa educação de matemática, posso afirmar que várias opções de carreira se fecham para o indivíduo que tem um baixo conhecimento da matéria", disse Willingham, ilustrando que a evasão universitária no mundo é maior nas áreas de exatas do que na de humanas.

Recente levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta 50% de desistência nas graduações de engenharia do país nos primeiros dois anos de curso. "Isso ocorre porque o estudante sai mal preparado da educação básica e não consegue acompanhar o conteúdo do ensino superior", diz Anderson Stevens Gomes, secretário estadual de Educação de Pernambuco, presente ao seminário "O ensino de matemática nas séries iniciais", promovido pelo Instituto Alfa e Beto.

Em pesquisa sobre o conteúdo dos currículos de matemática envolvendo 50 países - o Brasil não está na lista -, Schmidt verificou que o desempenho na matéria das crianças de ensino fundamental nos cinco melhores e nos cinco piores países não segue uma linha homogênea. "Um país no top 5 pode ter uma ótima performance em geometria, mas uma nota mais baixa em fração. É aí que identificamos problemas curriculares, seja de hierarquia de conteúdo ou de intensidade do que é passado aos alunos ao longo de toda a educação básica. Nos EUA há um aprofundamento em álgebra, mas a aritmética é vista de forma superficial", comentou o acadêmico de Michigan, que defende um currículo matemático mais enxuto e consistente. "Hong Kong tem 79 tópicos de matemática abordados em seu currículo; os EUA, 186." Schmidt questiona também a falta de preparo dos professores para lecionar a disciplina. "Pelo menos dois terços dos professores americanos de matemática não são especialistas na matéria."

"A baixa qualificação dos professores é o que mais influencia os resultados ruins de matemática nas avaliações educacionais", disse João Batista Oliveira, presidente do Alfa e Beto. De acordo com levantamento da entidade, na última Prova Brasil (2009), teste de português e matemática para alunos da quinta e nona séries do fundamental, o desempenho dos estudantes do nono ano ficou estável em relação à edição de 2007, subindo de 241 pontos para 242 pontos. Na avaliação da quinta série o resultado variou de 189 para 199 pontos. "Mais ainda é um dado ruim se compararmos com outros países. No Pisa [avaliação educacional internacional], o Brasil ficou 51 pontos acima do último lugar e 419 pontos abaixo do líder, num ranking de 66 países", disse Oliveira.

Professores presentes ao evento reconheceram a deficiência e cobraram formação continuada para modificar a situação. "Na época do magistério muitas colegas enfrentavam dificuldades de conteúdo, não dominavam conhecimentos básicos de divisão com dois algarismos ou operações com números fracionários", disse Simone Figueiredo Cruz, professora da rede pública de Mato Grosso do Sul. Vera Lúcia Coelho, docente das redes municipal e estadual de Riachão, no interior do Maranhão, acha que "cursos de qualificação para quem não têm o diploma específico é algo essencial."


Fonte: Valor Econômico - 19/08/2011

A Matemática dos Cubos de Rubik


Embora o fascínio pelos Cubos de Rubik esteja agora muito distante da loucura que originou nos anos 80, há quem ainda não se tenha conseguido livrar das implicações matemáticas que este puzzle oferece.

Foram necessários 30 anos para que uma equipe de investigadores tenha demonstrado matematicamente que, a partir de qualquer hipótese de um cubo baralhado, é possível resolver o cubo em apenas 20 movimentos.

Um feito que obrigou a alguma matemática "artística" para evitar fazer todos os cálculos para todos os 43 triliões de possibilidades - e que mesmo assim demorou o equivalente a 35 anos de cálculos num computador moderno.

No entanto, quando se consideram cubos de Rubik com mais possibilidades (com faces de 4x4, 5x5, ou mais) esse método de resolução tornava-se impraticável face aos números (ainda mais) astronomicamente superiores.

No entanto, ficou agora demonstrado que o número de movimentos necessários para resolver qualquer cubo é de N²/log N - onde N é igual ao número de qudrados por fila. Um resultado que surpreendeu os matemáticos por ser inferior ao que seria logicamente previsível (N²).

É que, em vez de considerar a tradicional forma de resolução de um cubo, onde se tenta mover cada quadrado mal posicionado para a posição correta, evitando alterar as posições dos restantes quadrados, este método contempla as sequências que podem colocar múltiplos quadrados nas posições correctas de uma só vez.

Isto significa que o cubo de Rubik normal, de 3x3, poderá ser afinal resolvido em apenas 9 movimentos, a partir de qualquer situação de "baralhamento" inicial.

Pierre de Fermat ganhou um doodle na página inicial do Google.


“Eu tenho uma demonstração realmente maravilhosa para esta proposição, mas este doodle é muito pequeno para contê-la”, é o que diz o título da imagem na página inicial do Google.

Sobre Pierre de Fermat

Segundo o artigo colaborativo no Wikipédia, as contribuições de Fermat para o cálculo geométrico e infinitesimal foram inestimáveis. Ele obtinha, com seus cálculos, a área de parábolas e hipérboles, determinava o centro de massa de vários corpos, etc. Em 1934, Louis Trenchard Moore descobriu uma nota de Isaac Newton dizendo que seu cálculo, antes tido como de invenção independente, fora baseado no “método de monsieur Fermat para estabelecer tangentes”. Foi a primeira pessoa a enunciar o pequeno teorema de Fermat, embora a primeira pessoa a publicar a prova do teorema foi Euler em 1736 no artigo “Theorematum Quorundam ad Números Primos Spectantium Demonstratio”.

Contudo, o que mais interessava a Fermat, na verdade, era um ramo da Matemática chamado teoria dos números, que tem poucas aplicações práticas claras. É da teoria dos números seu famoso teorema, conhecido como Último Teorema de Fermat.

Este teorema tem um enunciado extremamente simples:

x^n+y^n=z^n \,

não existe para x, y, z inteiros e positivos e n inteiro, positivo e n> 2.

O teorema foi escrito nas margens do Aritmética de Diofante, seguido de uma frase: “Eu tenho uma demonstração realmente maravilhosa para esta proposição, mas esta margem é muito estreita para contê-la”. Aliás, escrever nas margens dos livros era um costume de Fermat e foi graças ao seu filho mais velho, Clément-Samuel, que suas anotações não se perderam para sempre. Clément-Samuel, depois de passar cinco anos recolhendo cartas e anotações de seu pai, publica em 1670, em Toulouse, a Aritmética de Diofante contendo observações de Pierre de Fermat, cuja página 61 continha o teorema.

Naturalmente, há quem duvide que ele tenha dito a verdade. Gerações inteiras de matemáticos têm amaldiçoado a falta de espaço daquela margem. Por mais de três séculos, praticamente todos os grandes expoentes da Matemática (entre eles Euler e Gauss) debruçaram-se sobre o assunto. Com o advento dos computadores foram testados milhões de algarismos com diferentes valores para x, y, z e n e a igualdade xn + yn = zn não se verificou. Assim empiricamente se comprova que Fermat tenha razão. Mas e a demonstração? Um renomado empresário e matemático alemão – Paul Wolfskehl – na noite que decidira suicidar-se em sua biblioteca, depara com o Último Teorema de Fermat, e muda de idéia. Em seu testamento, deixou em 1906 a quantia de 100.000 marcos para quem o demonstrasse.

O teorema desafiou matemáticos por todo o mundo durante 358 anos, até que Andrew Wiles, um matemático britânico, conseguisse demonstrá-lo, primeiramente em 1993 e, depois de consertar alguns dos erros apontados, definitivamente em 1995. Cumpre esclarecer que Wiles utilizou conceitos avançadíssimos, com os quais Fermat nem poderia ter sonhado. Assim chega ao fim uma história épica na busca do Santo Graal da Matemática.


Fonte:site Bagarai.